quarta-feira, 5 de junho de 2013

Pesquisa ICCA sobre "eventos internacionais" é louvável, mas resulta insuficiente para avaliar o mercado de eventos no Brasil


A última pesquisa divulgada pela International Congress & Convention Association - ICCA, coloca o Brasil no 7ª lugar no ranking mundial de eventos internacionais realizados em 2012. O Brasil teria organizado nesse ano 360 eventos internacionais, superando os 304 do ano anterior.

Internamente, por estados, a pesquisa do ICCA mostra o Rio de Janeiro em primeiro lugar com 88 eventos, São Paulo em segundo com 77 e Brasília em terceiro com 22. Seguem, na ordem, Salvador (16), Foz do Iguaçu (16) e Belo Horizonte (13).

Vale destacar que a pesquisa do ICCA é realizada sobre a base de critérios muito específicos e contabiliza como "eventos internacionais" apenas aqueles com mais de 50 pessoas, realizados de forma regular (mínimo na sua 2ª edição), que tenham rotatividade em pelo menos 3 países e que sejam enquadrados como congressos, convenções, seminários, fóruns, etc.

Desde 2006 o Brasil consta entre os 10 primeiros países do mundo em quantidade de "eventos internacionais" realizados segundo os critérios da ICCA. Os resultados dessas pesquisas vem se tornando uma referência para avaliar o mercado de eventos no Brasil, e tem sido amplamente divulgados como um fato muito positivo do setor de eventos.

Mas alguns aspectos deverão ser tomados em consideração para evitar que sejam feitas avaliações incorretas ou simplistas. É preciso ter presente o fato de que os "eventos internacionais" contabilizados pelo ICCA são apenas aqueles que cumprem com as exigências anteriormente mencionadas, e cuja realização é de alguma forma comunicada à ICCA.

Quer dizer, "eventos internacionais" que não cheguem ao conhecimento da ICCA, ou aqueles que não atendam às exigências estabelecidas acima, não serão contemplados nessa pesquisa. Assim, como é de se supor, muitos outros eventos também "internacionais"  infelizmente não formam parte dos resultados divulgados.

Os próprios números da pesquisa ICCA parecem distorcer uma realidade que parece evidente do mercado de eventos brasileiro: São Paulo seria, sem dúvida, o lugar onde se realizam a imensa maioria dos eventos no Brasil, e nesse quesito não certamente não perderia para nenhum outro estado da federação, nem sequer para a nossa Cidade Maravilhosa.

Outro elemento a se ter em conta é que o volume de eventos quantificados pela ICCA resulta insignificante diante da totalidade de eventos realizados no Brasil, e não se tem certeza se os dados divulgados poderiam servir sequer como referência para se ter uma noção do lugar que realmente cada estado brasileiro ocuparia na atualidade no que se refere a eventos realizados.

É importante esclarecer que o antes exposto não diminui em nada o trabalho louvável que vem sendo realizado pela ICCA, e mais do que isso, deveria nos levar a uma preocupante reflexão: é uma pena que o nosso fabuloso mercado de eventos tenha de ser avaliado com base em pesquisas forâneas tão distantes da nossa realidade.

Padecemos de uma carência quase absoluta de pesquisas nacionais sobre o mercado de eventos. Faltam estudos elaborados no Brasil, por especialistas conhecedores da nossa realidade, que nos permitam avaliar o real impacto dos milhares de eventos e feiras nacionais e internacionais que todo ano são realizados nas cidades brasileiras.

Devemos e podemos juntar forças e fazer, juntos, um importante apelo para que os nossos pesquisadores, acadêmicos, técnicos, profissionais de eventos, associações de classe, etc., dediquem uma parte dos seus esforços para a realização das diversas pesquisas de que tanto precisamos no setor de eventos no Brasil.

Aí sim, ao comparar as nossas próprias pesquisas com aquelas que são realizadas mundo afora, inclusive as da ICCA, contaremos com uma visão mais próxima da nossa realidade, dos nossos avanços e dos rumos que precisamos seguir para profissionalizar cada vez mais o nosso fabuloso mercado de eventos.

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